Nos últimos 20 anos, a produção brasileira de grãos registrou um crescimento de 205,3%, passando de 114,7 milhões de toneladas na safra 2004/2005 para 350,2 milhões de toneladas no ciclo 2024/25, conforme indicam os levantamentos realizados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Dentre os fatores que auxiliam no bom resultado do setor estão as políticas públicas voltadas para a agricultura, como o crédito agrícola.
De acordo com a análise publicada na “Perspectivas para a Agropecuária 2025/26”, divulgada nesta quinta-feira, 18, pela Conab em parceria com o Banco do Brasil, o crédito rural desempenha um papel estratégico, sendo um dos principais instrumentos de apoio à produção agropecuária para garantir o financiamento das atividades agrícolas, desde o custeio da produção até investimentos em infraestrutura e tecnologia no campo.
“Além de fomentar a produção, o crédito rural contribui diretamente para a segurança alimentar e nutricional, a geração de empregos e o equilíbrio da balança comercial. Ele também estimula práticas sustentáveis, por meio de linhas específicas para a agricultura de baixo carbono e recuperação de áreas degradadas”, destaca o estudo.
Segundo a análise, os recursos destinados para o crédito rural são disponibilizados por meio de diversas linhas de financiamento. Essa estrutura permite, às diferentes realidades do campo brasileiro, promover a inclusão produtiva e desenvolvimento regional.
As análises completas sobre a importância do crédito rural e das demais políticas públicas voltadas ao fortalecimento da agricultura estão disponíveis na publicação “Perspectivas para a Agropecuária Safra 2025/26”, no site da Conab. O documento também traz a projeção para área, produtividade e produção de arroz, feijão, milho, soja e algodão, além das expectativas de produção e de mercado para carnes bovinas, suínas e aves em 2026.
Outras ações
Além da disponibilização de linhas de crédito, as políticas públicas voltadas à agricultura também incluem programas de assistência técnica e extensão rural, que oferecem suporte aos agricultores na implementação de práticas agrícolas sustentáveis e na gestão eficiente dos recursos, e de apoio à comercialização da produção, em especial da agricultura familiar.
Programas de valorização da agricultura familiar e de fortalecimento do abastecimento alimentar, instituídos pelo governo federal, promovem o acesso à alimentação adequada e incentivam a produção local, além de atuarem como estratégias agroecológicas para promover a soberania alimentar, a inclusão social e a mitigação das mudanças climáticas, conforme os compromissos assumidos pelo Brasil para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e se adaptar às mudanças climáticas, conforme estabelecido no Acordo de Paris.
PAA e Arroz da Gente
O Programa de Aquisição de Alimentos é um dos principais instrumentos públicos de apoio à agricultura familiar. Nos anos de 2023 e 2024, por exemplo, foram adquiridos 422 tipos de alimentos diferentes. Já em 2025, a demanda registrada no âmbito do PAA, via modalidade Compra com Doação Simultânea (CDS), alcançou o montante de R$1,89 bilhão, distribuído por 5.890 projetos, em 2.115 municípios brasileiros, com cerca de 133 mil agricultores familiares envolvidos, dos quais aproximadamente 80% são mulheres. A região Nordeste foi a que apresentou o maior volume de demanda, seguida do Norte, do Sudeste, do Centro-Oeste e do Sul. Dentre os estados, destaque para a Bahia, que registrou a maior quantidade de propostas apresentadas à Companhia.
Por sua vez, o Programa Arroz da Gente é uma estratégia lançada pelo governo federal visando a ampliação da produção de arroz por meio da agricultura familiar, de forma a contribuir para o combate à fome. Além de incentivar a produção de arroz em áreas que já cultivaram o grão, o programa busca assegurar o acompanhamento técnico e a garantia de comercialização do produto e também garantir a diversidade genética orizícola no país, com foco em povos e comunidades tradicionais, indígenas, assentamentos da reforma agrária e agricultura familiar.
A medida contará com crédito com juros menores, fomento, acompanhamento técnico, garantia de comercialização, além de buscar facilitar o acesso a tecnologias adaptadas à realidade local, incluindo pequenas máquinas, colheitadeiras e silos secadores de pequeno porte. Em uma primeira etapa, as ações serão direcionadas para 5 mil famílias produtoras, pertencentes a 250 comunidades, em 39 territórios, que representam 160 municípios, em 17 estados, envolvendo experiências de produção de arroz em quatro biomas distintos: Cerrado, Semiárido, Amazônia e Mata Atlântica. (Com Assessoria Conab)